O sobrepeso e a obesidade impactam diretamente na saúde pública global. De acordo com dados atuais do Atlas Mundial da Obesidade, um IMC maior ou igual a 25 Kg/m2 impulsiona de forma significativa o acometimento populacional por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs)1.
É previsto um aumento de 12% na prevalência de sobrepeso e obesidade em adultos em todo o mundo até 2035, um dado expressivo e alarmante1.
Tendo em vista o risco contributivo do IMC elevado para as principais DCNTs, a promoção de hábitos de vida saudáveis e do emagrecimento são extremamente importantes.
A forma pela qual o emagrecimento é conduzido impacta diretamente na saúde e no resultado do processo. Neste contexto, o aporte proteico ganha destaque e merece atenção especial na condução do emagrecimento na prática clínica.
Emagrecimento e massa muscular
O processo de emagrecimento em pacientes com sobrepeso e obesidade leva a benefícios metabólicos e de saúde, porém, aumenta o risco de perda de massa muscular2.
De acordo com as evidências científicas atuais, um consumo proteico aumentado ao longo do processo de emagrecimento previne de forma significativa a perda de massa muscular em indivíduos com sobrepeso e obesidade2.
A recomendação das Diretrizes Brasileiras de Obesidade quanto ao consumo de proteínas para obesos em dietas com restrição calórica é de 0,8 a 1,0 grama de proteína/kg de peso3.
Entretanto, a literatura atual aponta dados relevantes quanto à ingestão proteica para garantir um contexto de emagrecimento com foco em manutenção ou até mesmo ganho de massa muscular.
Uma dieta hiperproteica (consumo proteico acima de 1,0 grama/kg de peso/dia) e hipocalórica pode estar associada à preservação ou até mesmo ganho de massa muscular, além de maior redução de massa gorda4.
Um consumo de pelo menos 1,3 gramas de proteína/kg de peso está relacionado com o aumento de massa muscular, enquanto o consumo inferior a 1,0 grama/kg está associado com maior risco de perda de massa muscular2.
Os benefícios de um aporte proteico adequado
Além de evitar a perda de massa muscular, um aporte proteico adequado nas dietas de emagrecimento também pode garantir outros benefícios aos pacientes, destacados abaixo.
Efeito termogênico e aumento da saciedade
As dietas hiperproteicas promovem maior gasto energético do que as hiperglicídicas e hiperlipídicas. Além disso, as proteínas também conferem maior saciedade, o que favorece o controle da ingestão calórica e o processo de emagrecimento4,5,6.
Controle glicêmico
A associação de alimentos fontes de proteína aos que são fontes de carboidratos é uma estratégia favorável para evitar picos e manter níveis estáveis de glicemia. Uma dieta com menor impacto glicêmico pode estar associada ao melhor controle da fome ao longo do dia, o que também beneficia o emagrecimento7.
Maior adesão à dieta
Uma vez que o consumo proteico adequado promove a saciedade e, consequentemente, o processo de emagrecimento, o paciente pode ficar mais motivado e aderir melhor ao plano alimentar.
Prática clínica: elaborando o plano alimentar
Durante a estruturação de um plano alimentar completo, é possível encontrar alguns obstáculos para incluir uma maior quantidade de proteínas no dia, considerando a maior saciedade provocada por esse nutriente e até mesmo o volume necessário para o indivíduo. Por isso, algumas táticas podem ser adotadas para facilitar esse processo:
- Incorporar proteínas de boa qualidade nutricional, de origem vegetal e/ou animal, de acordo com as preferências e restrições de cada paciente (leite e derivados, ovos, oleaginosas, leguminosas, carnes).
- Distribuir os alimentos fontes de proteína ao longo do dia, em todas as refeições (café da manhã, lanches intermediários e refeições principais).
- Incluir suplementação em casos de dificuldade para adequar o aporte proteico via alimentação.
Montar um planejamento hiperproteico para os pacientes em processo de emagrecimento pode ser uma estratégia relevante do sucesso nesta jornada, considere essas informações de acordo com a individualidade de cada paciente.