Diferentes protocolos e métodos voltados à alimentação foram criados ao longo de anos por especialistas com intuito de estimular a perda de peso, ou ainda contribuir para a prevenção de doenças crônico não-transmissíveis, através do controle de fatores de risco.
Dentre esses inúmeros tipos de intervenções nutricionais, talvez uma das mais comentadas seja o jejum intermitente (JI), caracterizado por períodos de jejum.
Essa prática, que tem ganho cada vez mais adeptos, também divide profissionais de saúde quanto aos seus riscos e efetividade. Afinal, será que o jejum intermitente emagrece? E em quais condições ele pode ser considerado uma estratégia válida?
A seguir, vamos abordar os diferentes tipos de jejum intermitente, seus benefícios comprovados pela ciência, e em quais casos esse método não é recomendado.
Protocolos de jejum intermitente
Conforme mencionado acima, o método do jejum intermitente preconiza que o indivíduo permaneça em jejum em períodos variados do dia.1
Foram estabelecidos alguns protocolos desse modelo de dieta – no entanto, ainda não existe um consenso sobre qual teria uma melhor eficácia na perda de peso e manejo de fatores de risco para doenças como diabetes e doenças cardiovasculares.
Confira na tabela a seguir alguns tipos de jejum intermitente propostos:1,2

Efeitos positivos do JI em diferentes condições
Na prática clínica, o jejum intermitente pode ser recomendado para diferentes tipos de necessidades, uma vez que estudos que investigam o tema tem trazido evidências que parecem sustentar a orientação desse tipo de método.
Veja abaixo os efeitos do JI em diferentes condições de saúde:
SOBREPESO E OBESIDADE1,2
- Melhor aderência quando comparada a outros tipos de dietas
- Maior redução de peso corporal quando comparada a dietas com restrição calórica
- Melhor controle do apetite
RESISTÊNCIA À INSULINA, PRE-DIABETES E DIABETES2
- Aumento na sensibilidade à insulina
- Redução dos níveis de insulina
DOENÇAS CARDIOVASCULARES2
- Melhora no perfil lipídico (com redução de LDL-colesterol e triglicerídeos)
- Diminuição do risco de dislipidemia aterogênica e congestão cardíaca devido à redução dos níveis de insulina
- Redução dos níveis de pressão arterial
- Redução de marcadores inflamatórios (como leptina)
Possíveis efeitos negativos do jejum intermitente
Ao mesmo tempo, é preciso pontuar que o jejum intermitente também pode apresentar alguns efeitos indesejados. Além disso, não são claros ainda as repercussões no organismo a longo prazo desse tipo de dieta, uma vez que os estudos que investigam o JI apresentam duração de semanas ou, no máximo, meses.
Alguns dos efeitos adversos vivenciados por indivíduos submetidos ao jejum intermitente são:2
- Hipoglicemia
- Fraqueza
- Dores de cabeça
- Tontura
Os estudos apontam que a hipoglicemia provavelmente é o sintoma mais preocupante. Um exemplo disso são os estudos feitos com idosos, que demonstraram que a concentração flutuante de glicose nesta população estava associada ao aumento da instabilidade na deambulação, levando a quedas e fraturas frequentes.2
Além disso, o jejum sem uma ingestão adequada de proteínas é uma causa bem conhecida de perda de massa muscular, e deve ser evitado.2
Ainda existem outros indivíduos para os quais o jejum intermitente não é recomendado, sendo algumas elas:2,3
- Gestantes
- Lactantes
- Crianças
- Idosos
- Indivíduos com deficiências imunológicas
- Pessoas com histórico de transplante de órgãos
- Indivíduos com distúrbios alimentares
A prática do jejum intermitente pode se mostrar vantajosa sob diferentes aspectos. Porém, os possíveis riscos nesta prática ressaltam ainda mais a importância da orientação individualizada do profissional nutricionista para que esse tipo de intervenção seja bem-sucedida, ajudando a promover a saúde do paciente.